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TESTOSTERONA X CÂNCER DE PRÓSTATA

A relação de altos níveis de testosterona no sangue e o risco de câncer de próstata
A relação de altos níveis de testosterona no sangue e o risco de câncer de próstata

A relação de altos níveis de testosterona (T) no sangue com o risco de câncer de próstata (CaPr) foi um conceito bastante “enraizado” nas escolas médicas nas últimas décadas. Desde que enfrentei os ambulatórios da urologia na faculdade, venho acompanhando pacientes com mais de 60 anos, candidatos a terapia de reposição hormonal (TRT), e deparamos com a situação de um CaPr recentemente operado. O que fazer?! Quais os riscos e benefícios da TRT nesses casos? A TRT piora o prognóstico do CaPr em homens com baixa de (T)? Ou seria a própria (T) baixa, o principal fator de risco para o CaPr? :

testosterona e cancer de prostata

Sabemos da importância da TRT para a saúde masculina quando a indicação é precisa: a baixa hormonal no homem está associada à maior incidência de disfunção erétil / baixa libido, hipertensão, diabetes, infarto, humor depressivo, perda de massa óssea, baixa vitalidade e disposição e sobretudo baixa massa muscular (sarcopenia) (Wang et al. 2008; Mulligan et al. 2006; Basaria, 2014).

 

E haveria realmente uma correlação entre o hormônio (T) e o aparecimento ou gravidade do CaPr em homens acima de 50 anos?! Alguns autores acreditavam que sim (Yano et al. 2007, Gann et al. 1996); enquanto outros estudos envolvendo homens com níveis normais de (T) mostraram que também se desenvolvia CaPr (Roddam et al. 2008; Muller et al. 2012), o que vem enfraquecendo bastante a teoria clássica da relação entre a (T) e o CaPr.  

 

Nos últimos 15 anos temos uma série de estudos controlados e bem conduzidos, envolvendo homens operados de CaPr que receberam (T) para TRT visando níveis hormonais fisiológicos. Novos estudos tem demonstrado NÃO HAVER correlação entre níveis de (T) e o desenvolvimento de CaPr; pode haver um aumento transitório do marcador do CaPr (PSA), mas sem aumento dos casos de recorrência ou progressão (Pastuszak AW, 2013; Khera et al. 2009). Além do mais, alguns estudos inclusive mostram que níveis BAIXOS de (T) foram preditores para tumores de próstata mais agressivos (Morgentaler and Conners, 2015; Shin et al. 2010; Mearini et al. 2013; Garcia-Cruz et al. 2012).

 

O conceito atual estabelece uma “teoria da saturação”, onde níveis baixos de (T) no sangue (250 ng/dl) já levariam à saturação dos receptores androgênicos na próstata, não sendo pois, a estimulação pela (T) a responsável pelo desenvolvimento tumoral posterior.  

 

terapia de reposição de testosterona, TRT

TRT e CA PROSTATA – CRITÉRIOS:

 

COM BASE NO PAINEL PUBLICADO NA EUROPEAN UROLOGY 65 (2014) 115–123, os seguintes pontos são considerados para indicar ou não a TRT em pacientes operados de CaPr: 

 

  1. Quadro clínico e laboratorial de deficiência androgênica no homem operado para CaPr;

  2. Paciente deve compreender que os estudos ainda são limitados quanto ao risco de progressão ou recorrência do CaPr;

  3. Paciente deve estar de acordo e apto a assinar um termo de consentimento;

  4. Não haver contraindicações médicas para a TRT;

  5. Níveis indetectáveis ou estáveis de PSA (marcador do CaPr).  

  6. Avaliar com muita cautela o uso da TRT em pacientes de alto risco de recorrência de CaPr;

  7. Não recomendar TRT em pacientes ainda sob tratamento com privação de androgênios.

  8. Médicos: devem estar preparados para enfrentar os casos de recorrência ou progressão tumoral que ocorram em pacientes operados de CaPr, a despeito do uso ou não da TRT; embora não haja relação direta entre o hormônio e o CaPr, possa ser feita tal inferência por pacientes, familiares e até outros médicos. 

 

PORTANTO, em casos selecionados de homens com baixa de (T) e CaPr operado, localizado, de baixo risco de progressão, a TRT parece ser alternativa interessante nesses casos, com maior benefício em relação aos riscos. 

 

Somente uma avaliação Endócrina e Urológica bem detalhadas poderão indicar o diagnóstico e tratamento ideal para cada caso, sobretudo em relação a dose, frequência de exames e monitoramento dos sintomas e níveis hormonais no sangue: consulte sempre um profissional especializado

 

Dr Frederico F. R. Maia, PhD.  Tel: 11.3885-9906

CRM-SP 135.915
Doutor & Mestre em Clínica Médica (Endocrinologia) pela UNICAMP 
Endocrinologista - Especialista Titular pela SBEM 
Hospital Israelita Albert Einstein - Corpo clínico 

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