REDUÇÃO DAS HIPOGLICEMIAS EM DIABÉTICOS TIPO 1
Uso do Sensor de Glicose em Tempo Real com Desligamento Automático da Bomba de Infusão de Insulina
A monitorização contínua de glicose (CGM), ou simplesmente, “sensores em tempo real”, vêm aumentando seu destaque e importância nos congressos internacionais em diabetes e nos mais importantes “jornais científicos” 1,2,3, devido aos resultados que foram recentemente apresentados a cerca da redução da gravidade e frequência de crises hipoglicêmicas em pacientes com diabetes tipo 1 (DM1) usuários de sensores de glicose e bomba de insulina.
Já sabemos da importância da monitorização glicêmica pela glicemia capilar (GC, a famosa “ponta de dedo”), para o controle de pessoas que usam insulina; No entanto, esse método, muitas vezes doloroso, fornece apenas dados intermitentes do controle glicêmico, em geral, com frequências de 3 a 6 medidas ao dia, impedindo uma visão completa do perfil glicêmico do paciente, e principalmente, a detecção de hipoglicemias.
Com a monitorização contínua da glicose (CGM) tem sido possível avaliar com precisão as variações glicêmicas ao longo do dia, em tempo “quase real”, com medidas captadas pelo sensor de 10 em 10 segundos, e uma média de glicose gerada no monitor a cada 5 min. (total de 288 medidas ao dia!) (Fig.1). Com isso, o endocrinologista especialista em diabetes, juntamente com o paciente, passam a ter uma visão bem mais completa das variações e tendências da glicose (“subida ou descida”) ao longo do dia, o que permite uma intervenção terapêutica (ajuste das doses e horários de insulina, alimentação e atividade física), de forma mais eficaz e segura; vemos abaixo uma criança com hipoglicemia noturna prolongada, que não era conhecida pelos pais!
Desde 2008, os primeiros estudos já vieram mostrando esse benefício de associar sensor de glicose com bomba de insulina, permitindo uma melhora dos níveis de A1c (hemoglobina glicada), o principal parâmetro de controle no diabetes, além de menos hipoglicemias nesses pacientes com DM1.1,2
Estudo americano recente (“ASPIRE study”) avaliou os efeitos de um novo sistema de bloqueio automático da bomba de insulina (por 2 horas) quando o “sensor” (CGM) detecta um nível de glicose inferior a 70mg/dl. Foram 50 indivíduos com DM1, usuários de bomba de infusão de insulina, submetidos à atividade física em diferentes momentos, e monitorados por sensor de glicose contínuo; em dias “on” (em uso) vs. dias “off” (sem uso do sistema de bloqueio automático). Os resultados mostraram que durante o uso do sistema de bloqueio automático frente à glicose < 70mg/dl, houve menor tempo de hipoglicemia (cerca de 20% a menos), em relação aos períodos de sistema “off”; bem como hipoglicemias mais leves (quando ocorreram) e de menor efeito “rebote”, aquela elevação da glicose 2 a 3h após a correção da hipoglicemia. Ou seja, o sistema de bloqueio automático de infusão de insulina por 2 horas, quando detectada a hipoglicemia (<70mg/dl) pelo sensor, mostrou-se um recurso muito seguro para o paciente durante o exercício e jejum, além de crises hipoglicêmicas mais leves e de resolução mais fácil.
Em resumo, esse estudo nos mostra as vantagens do uso do sistema de bloqueio automático da bomba de insulina (por 2 horas) na presença de hipoglicemia (<70mg/dl) captada pelo “sensor” (CGM), com crises hipoglicêmicas de MENOR FREQUENCIA, DURAÇAO e INTENSIDADE! O paciente bem indicado para uso, portanto, terá grande chance de melhora, com resultados mais satisfatórios e maior segurança para as famílias e pacientes em tratamento!
Pergunte ao seu especialista em Diabetes, somente a avaliação médica completa é capaz de definir os melhores recursos e novidades a serem utilizados por você!
Ref.
1) Bergenstal RM, et al. Effectiveness of Sensor-Augmented Insulin-Pump Therapy in Type 1 Diabetes. N Engl J Med 2010; 363; 4.
2) Garg S, et al. Reduction in Duration of Hypoglycemia by Automatic Suspension of Insulin Delivery: The In-Clinic ASPIRE Study. DIABETES TECHNOLOGY & THERAPEUTICS 2012; (14)3: 205-209.
3) Hirsch IB, et al. Sensor-Augmented Insulin Pump Therapy: Results of the First Randomized Treat-to-Target Study. DIABETES TECHNOLOGY & THERAPEUTICS 2008; 10 (5): 377-83.