Exames - Tipos de Jejum e Horário de Coleta
Interferem nos resultados?
Hoje vamos falar um pouco sobre algumas dúvidas frequentes no consultório: preparo para os exames de sangue. Dúvidas surgem quando o pedido médico é de uma forma, e o laboratório tem um preparo específico, divergente muitas vezes. Outro ponto é o que o jejum prolongado (>12h) também interfere nos resultados!

Sabemos que a consulta médica, em geral, será complementada por exames, com base em cada paciente e suas necessidades; na grande maioria das vezes, serão necessários exames no sangue que avaliam o risco metabólico e cardiovascular (diabetes, colesterol, fígado – gordura, entre outros), bem como as alterações hormonais importantes, como relacionados à tireóide, à menstruação e fertilidade, hormônios masculinos, entre outros.

Assim, é importante termos em mente quais os exames serão coletados e seu preparo. Nem todo exame pode ser colhido no período da tarde, por exemplo, bem como nem todo exame precisa de 12h de jejum!!!
Atualmente, a boa prática médica e laboratorial recomenda que, para a maioria dos exames de sangue, a coleta seja realizada após um período mínimo de três a quatro horas de jejum, para o indivíduo adulto. Para grande maioria dos hormônios e vitaminas, um período de 4h de jejum é adequado.
Para crianças e recém-nascidos dependendo dos motivos dos exames, esse período pode ser inclusive abolido.
Uma das dúvidas mais frequentes é a respeito do colesterol e triglicérides. Para função do fígado (TGO, TGP, GGT etc) e triglicérides, a abstenção de álcool por 72h é o ideal, bem como o jejum de 8-12 horas, recomendado. Quanto ao colesterol em si, as frações (LDL, HDL), em geral, não são afetadas pelo tempo de jejum, de forma significativa.

Um estudo recente, publicado na revista Circulation 2014 (Aug 12; 130(7):546-53; demonstra que o tempo de jejum > 8h para colesterol , sobretudo LDL (fração “ruim”, associada a alta mortalidade cardíaca) não foi fator de risco para mortalidade geral e cardiovascular quando comparadas as dosagens em jejum maior ou menor que 8 horas. O estudo baseou-se em dados coletados pelo estudo National Health and Nutrition Examination Survey III (NHANES-III), entre 1988 e 1994; com pacientes seguidos por média de 14 anos. Em resumo, o estudo recomenda que as práticas de orientação quanto ao jejum prolongado para dosagem de colesterol também sejam reconsideradas.
Além disso, alguns exames hormonais dependem do ritmo circadiano (horários do dia), em que os hormônios fazem o “pico”, como o caso do cortisol e ACTH, não devendo ser colhidos ao acaso, portanto. As orientações dependerão dos objetivos do exame, a ser definidos pelo seu médico, podendo dosar o cortisol desde pela manhã, final da tarde (17h), quanto início da madrugada (23 ou 24h).
Enfim, não há “receita de bolo”. Cada caso deve ser avaliado conforme os objetivos e necessidades de cada um. Está em dúvida, contate sempre o seu médico! Faça exames hormonais com base na orientação do seu Endocrinologista!
REF. LDL cholesterol as a predictor of mortality, and beyond: to fast or not to fast, that is the question? [Circulation. 2014].
Dr. Frederico Maia.
Especialista em Doenças da Tireóide – Mestre pela UNICAMP
Endocrinologista – Hospital Israelita Albert Einstein