Consumo de novas medicações (“off label”) no tratamento da obesidade no Brasil
Com a proibição de venda e prescrição pela ANVISA, em dezembro/11, de três importantes drogas utilizadas no tratamento dos distúrbios do peso (anfepramona, fenproporex e mazindol), vem sendo percebido um aumento expressivo do uso de medicações cuja indicação é considerada fora de bula (“off label”) no Brasil, para tratamento desses pacientes.
Segundo a reportagem do Jornal “O Estado de São Paulo”, o consumo de remédios off label (indicação fora da bula) de drogas desenvolvidas para epilepsia / enxaqueca; depressão / ansiedade e diabetes disparou no Brasil. Dessa vez, como “alternativas” no tratamento da obesidade. Isso menos de um ano após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter proibido a venda de medicamentos derivados de anfetamina para tratar a doença.
As medicações “oficiais” para o controle de peso se resumem atualmente à sibutramina (nas doses de 10 e 15mg ao dia, dose máxima) e orlistate (120mg 1 a 3x ao dia); que evidentemente não são eficazes nem toleradas por todos os indivíduos. Com isso, a associação e ou troca para medicamentos a base de topiramato, bupropiona e liraglutida tem sido cada vez mais frequente em nosso meio. Trata-se de drogas já conhecidas no meio científico, porém sem ainda liberação oficial dos órgãos responsáveis para sua aplicabilidade no tratamento da obesidade.
Segundo dados da Sindusfarma, a pedido do jornal O Estado, houve um aumento de 64% nas vendas de topiramato e, cerca de 55% de bupropiona, em relação ao mesmo período de 2010 (1o semestre). As indicações, efeitos colaterais e contraindicações para toda e qualquer medicação devem ser discutidas com o especialista, para definir o melhor tratamento a ser seguido, em doses e tempo de seguimento adequados.
Conforme noticiado no site da ABESO (www.abeso.org.br), segundo o Dr. Walmir Coutinho, “um terço dos pacientes não responde bem à sibutramina e muitos não se adaptam ao orlistate”. Assim, ele afirmou ser natural que pessoas tentem tratamentos não indicados nas bulas, uma vez que “a Anvisa retirou três bons medicamentos do mercado”. Conforme citaram outros especialistas, era previsível um aumento no consumo de outros medicamentos para estimular a perda de peso. Pesquisas na Universidade de Campinas (UNICAMP) mostraram os efeitos do topiramato na redução da ingestão alimentar e aumento do gasto energético; na busca de se dar uma resposta à população, que além de cada vez mais acima do peso, ficou ainda mais carente de tratamentos sólidos para o excesso de peso.