SELÊNIO - Suplementação e Risco de Diabetes
Dicas e riscos de suplementação do mineral Selênio (Se)

Nos dias de hoje, parece que quanto maior número de cápsulas se toma, melhor! E a boa e velha comida saudável, equilibrada e balanceada em intervalos regulares fica cada vez mais em segundo plano, no dia a dia corrido das pessoas.
Uma das discussões recentes está a cerca de suplementar ou não o mineral Selênio (Se). Por ser considerado um agente com propriedades antioxidantes e anti-inflamatória, fazendo parte da enzima glutationa peroxidase, alguns autores supõem que a reposição de Se possa prevenir casos de câncer, baixa imunidade, sarcopenia (perda muscular), doenças da tireóide, Alzheimer e diabetes.
No entanto, os dados da literatura não parecem suplantar essas teorias. Uma revisão de pesquisas publicada no periódico internacional The Lancet mostra que não há evidências de que a suplementação desse mineral (Se) seja necessária para a maioria das pessoas. Alguns estudos, inclusive, relacionam o excesso de dose e consumo exagerado do Se com um aumento da resistência à insulina, e risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2.
Selênio – dose diária
Por ser um mineral de baixa necessidade diária, os pesquisadores enfatizam que a maior parte das pessoas já consome o selênio suficiente na alimentação. Essa necessidade diária está em torno de 55 microgramas para adultos e 60mcg gestantes, facilmente alcançados com uma dieta equilibrada rica em carnes e grãos, como milho e trigo, e gorduras boas, como as castanhas. Lembrando, que o excesso de Se também pode causar problemas, especialmente se acima de 400mcg ao dia; ocasionando sintomas como desconforto gastrointestinal, queda acentuada de cabelo, unhas brancas manchadas, mau hálito, fadiga, irritabilidade e déficit de concentração (cognitivo).

Selênio – risco de diabetes
Um importante estudo recentemente publicado na Endocrine (2014) 47:758–763, avaliou o risco de diabetes em 20.294 participantes, que receberam suplementação de Se acima de 200mcg ao dia, em 4 grandes estudos controlados, por períodos de no mínimo 5 anos de uso.
Os autores consideram o Se como um importante mineral em reações enzimáticas que envolvem a ação da insulina no organismo, a imunidade, a função tireoidiana (produção de T3 a partir do hormônio T4), entre outros. No entanto, ao analisar mais de 20.000 pacientes, com idade média de 60 anos, recebendo doses em torno de 200mcg ao dia, o risco de desenvolver diabetes foi semelhante ao dos pacientes usando placebo, como pode ser visto na “Fig.2”. Ou seja, não houve nenhum benefício pela suposta ação antioxidante do Se na prevenção de diabetes nesses casos.

Assim, os autores concluíram não haver nenhuma indicação para suplementar Se em doses acima de 200mcg em indivíduos caucasianos, objetando reduzir o risco de diabetes. Novos estudos, doses e populações diferentes carecem de estudos para se recomendar o uso rotineiro desse suplemento em nossa população.
Não use suplementação vitamínica sem indicação médica! Discuta com seu médico e use a comida a seu favor!
Dr. Frederico Maia.
Especialista em Doenças da Tireóide – Mestre pela UNICAMP
Endocrinologista – Hospital Israelita Albert Einstein